Maravilhosa a carta resposta do ministro chefe da Controladoria Geral da União Jorge Hage, que foi publicada no Blog do Planalto e no site da CGU , àquela revista conhecida como a Última Flor do Fascio, como diz Paulo Henrique Amorim, devido à ridícula edição preconceituosa e torta de balanço do governo Lula, visto que a dita publicação não costuma dar direito de resposta a ninguém, resposta esta em que eu concordo em gênero número e grau.
Um espaço para opiniões (Principalmente as Minhas). Um pouco de tudo sobre tudo que existe.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Então é Natal!!!!
A todos que partilharam este espaço conosco, Feliz Natal e um belíssimo ano novo cheio de realizações! 2011 vem ai com novas desafios e novas conquistas para todos!
Portanto; que venha!
sábado, 11 de dezembro de 2010
Eu vou voltando para casa!
Depois de três semanas fora de casa estudando, cheio de saudade, hoje é só alegria, estou na estrada, estou voltando para casa.
Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo
Hiê! Hiê!...
Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrasando pelo chão
Mas sempre tinha
A cama pronta
E rango no fogão...
Luz acesa
Me espera no portão
Prá você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê!
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez...
Às vezes é tormenta,
Fosse uma navegação.
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão
Tanto gozo e sussurro
Já impressos no colchão...
Pois sempre tem
A cama pronta
E rango no fogão, fogão!...
Luz acesa
Me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
E vê! ê! ê! ê! ê!
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez...
Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Logo mais era um vício
Me arrasando pelo chão...
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão...
Pois sempre tem
A cama pronta
E rango no fogão
Fogão! Fogão!...
Luz acesa
Me espera no portão
Prá você ver
Que eu tô voltando prá casa
Me vê! ê! ê! ê! ê! ê!
Que eu tô voltando prá casa...
Vêêêêêêêêêê!
Que eu tô voltando prá casa
Vê ê! ê! ê! ê
Que eu tô voltando prá casa
Outra veeeeeezz...
Eu tô voltando prá casa
Eu tô voltando!...
domingo, 5 de dezembro de 2010
A Esperança de Novos Tempos (Porque Hoje é Domingo)
A esperança de novos tempos com ideias que valem a pena ser disseminadas (TED - Ideas Sorth Spreading) e novas formas de combatividade como o Wikileaks, é um viva também aos tempos modernos. Vamos nos Permitir, como diz Lulu Santos na sua música com linda poesia que vale a pena refletir,
Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...
Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há prá viver
Vamos nos permitir...
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear...
Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão...
Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não...
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há prá viver
Vamos nos permitir...
E não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir...
sábado, 4 de dezembro de 2010
WikiLeaks, A caixa de Pandora!
Porquê o mundo precisa do WikiLeaks, Julian Assange teve uma ideia que é capaz de mudar o mundo, e está pagando um preço muito alto. Penso que é nosso dever apoiar o homem cuja luta é pela traparência da informação, contra os top secrets dos governos e empresas que pouco ligam para as pessoas, que no fundo são o que há de mais importante.
Ele já é o inimigo número um da América (O Estado Americano) e tem um mandato de busca da Interpol, e portanto qualquer país que é signatário pode prendê-lo a qualquer momento, inclusive países altamente democráticos como o Zimbábue ou o Paquistão. A Austrália, seu país natal, a Suécia, onde responde pelo crime de abuso
sexual e estupro contra duas mulheres, sim duas,
simultâneamente. Estranho, não?
Na Islândia e na Suíça, onde cogitou viver, também pode encontrar
embaraços, agora que é caçado em troca de grande recompensa pelo Governo
mais rico e influente do planeta. Parece que por enquanto, seus planos são se
comunicar com a imprensa virtualmente, ou por vídeos gravados
previamente (à la Osama Bin Landen) ou ainda por telefones celulares,
via Skype.
No vídeo acima entrevista de Assange ao TED (Ideas Worth Spreading) em Julho deste ano. Vale a pena assistir, enquanto isso espero que ele continue na sua luta e que o seu WikiLeaks que a empresa americana EveryDNS.net eliminou de forma repentina na
noite de quinta-feira última, o domínio WikiLeaks.org, o que impossibilitou
durante horas o acesso ao site que já voltou ao ar com os endereços numéricos http://46.59.1.2/, http://88.80.13.160 e http://213.251.145.96/ como também os novos endereços que são http://wikileaks.de/, http://wikileaks.fi/ e http://wikileaks.nl/, conseguidos na Alemanha, Finlândia e Holanda. Tomara que continue a abrir esta caixa de Pandora, para que ao menos possamos sonhar com um mundo mais transparente, mais solidário e mais humano.
sábado, 27 de novembro de 2010
Guerra???? Espero que não!
Tenho tido pouco tempo para escrever e sinto de certa forma falta disto, mas quando no assunto do momento surge um texto muito bem escrito e na medida certa a cerca do problema, portanto, só nos resta concordar em gênero número e grau e republicá-lo. Afinal como classe média que somos não podemos nos alienar e pensar da
forma simplista más infelizmente bastante difundida da charge acima. Pois esta é uma situação preocupante e muitos cuidados tem que ser tomados devido ao simples fato de que o estado tem que garantir a vida dos inocentes e evitar de todas as formas os excessos visto que, não podemos criminalizar as populações das favelas, e esse clima de guerra ou partir simplesmente para a porrada é muito perigoso, conforme por exemplo esclarece nota do Observatório das Favelas. Logo colocar as barbas de molho é bom porque o histórico deste tipo de operação é de prognóstico ruim. Espero que desta vez seja realmente diferente.
Ai que endurecer, pero...
por Úrsula Costa no seu Tenho Algo a Contar
Nestes últimos dias assistimos a uma explosão de violência no Rio de Janeiro, praticamente uma guerra, que expõe uma ferida existente no país inteiro. A sensação de impotência é generalizada e o enfrentamento que as policias dão a esta questão está na pauta do dia. Combater crimes dos mais diversos, neste momento com atenção especial ao trafico de drogas, exige um trabalho de inteligência, mas muitas vezes depende da força bruta. E qual deve ser a intensidade desta força?
A impressão inicial quando discuto o modus operandi das
forças policiais no cotidiano do cidadão é de truculência. Conversando
um pouco sobre o assunto chega-se ao incômodo senso comum de que as
abordagens de fato não são nada gentis, mas que por outro lado o agente
fardado que pára um automóvel numa blitz não sabe que tipo de pessoa vai
encontrar dentro dele e portanto precisa estar na defensiva. Estas
impressões são bem diferentes quando se pensa no confronto direto com
bandidos. Me faz lembrar Tropa de Elite e uma frase dita pelo
Capitão Nascimento vivido por Wagner Moura (abro um parêntese para me
declarar fã) – “para a sociedade, bandido bom é bandido morto”. E nesse cenário entra uma questão importante, muitas vezes delicada, que é a dos Direitos Humanos.
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento adotado pela
Organização das Nações Unidas, toca a atuação das forças policiais
quando declara que ninguém será submetido a tortura e tratamento cruel,
desumano ou degradante, e ainda quando declara que ninguém será detido
arbitrariamente. Destes princípios derivam a noção de que episódios como
o do Carandiru (assim popularizado) ferem a maneira aceitável de se
lidar com criminosos. Partem da noção da dignidade humana, defendida por
diversos segmentos sociais, em que a necessidade de repressão aos
crimes passa longe dos maltratos. Citando mais uma vez o filme, quando
assisti a continuação fiquei apreensiva com modo como iriam tratar dos
“intelectuaiszinhos de esquerda”, justamente na abordagem à questão dos
Direitos Humanos, porém com o desenrolar da fita fica claro que estes
têm seu valor reconhecido. Na outra ponta da equação o personagem
principal nos remete a um desconcertante desejo de que em muitas
situações a força seja usada de forma exagerada na relação
polícia-bandido. Não é isso que reza a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, ainda que queiramos trazer à tona os crimes mais hediondos.
Um
aspecto fundamental quando se analisa a medida da força policial no
enfrentamento da criminalidade é que o cidadão comum está sempre no
entorno e precisará ser preservado a todo custo. Imagino que numa ação
policial coordenada se possa evitar mortes de inocentes, e talvez seja
este o caminho – comandar ações de embate direto com ações de
inteligência. É pressuposto da função policial só usar a violência em
último caso, quando todos os outros recursos estão esgotados. Não se
pode colocar este agente na figura do exterminador de criminosos, quando
na realidade seu objeto é o crime. O problema é que com a crescente
violência estes conceitos acabam sendo subvertidos, e a sociedade, ora
refém, termina por endossar o uso abusivo da força. E como não se sentir
assim, se seu direito de ir vir muitas vezes é cerceado, você se sente
meio prisioneiro em sua própria casa, começa a olhar qualquer estranho
com desconfiança e o medo se generaliza? Mesmo parecendo natural, a
sociedade não pode deixar de indignar-se e seguir tolerante a
determinados atos, esquecendo-se de que o indivíduo é inocente até que
se prove o contrário, dando direito a todos de ser amplamente defendidos
em juízo (quanto são os casos que se noticia de pessoas mortas por
engano).
Concluo
que medir e determinar a força empregada pelas polícias é tarefa
impossível, porém é fácil ver quando agem com arbitrariedade, e é este
comportamento que deve ser rechaçado, desde a simples abordagem a
cidadãos comuns numa blitz até o confronto direto com bandidos. Ainda
mais quando sabemos o quanto estas forças estão também infiltradas por
desvios de conduta e criminalidade, muitas vezes deixando dúvidas do
papel que desempenham – mocinho ou bandido. Espera-se que respondam com
firmeza, mas sem truculência, agindo com precisão e não de forma
anárquica, nos protegendo e não transformando todos nós em vítimas
potenciais. Não é fomentando a matança que será resolvido o problema da
criminalidade, que tem raízes profundas na forma como nossa sociedade
vem se organizando. A criminalidade não é apenas assunto de polícia, é
antes de tudo assunto das políticas sociais no que tange a educação de
qualidade, infraestrutura e oportunidades de emprego.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Dia da Consciência Negra!
Com toda esta celeuma em torno de Caçadas de Pedrinho sem levar em conta o contexto da época, e mesmo se levando não se pode deixar de observar possíveis consequências, veja excelente texto do Ana Maria Gonsalves no Biscoito Fino e a Massa, hoje é o Dia da Consciência Negra, portanto, para nunca esquecermos o que fizemos de errado no passado, e para que sempre tentemos fazer o que é certo no futuro! Deixo para reflexão Vozes D´África e Navio Negreiro de Castro Alves que anteriormente aquele tempo via que algo estava errado. Para acompanhar a leitura deixo também a maravilhosa Redemption Song de Bob Marley.
VOZES D'ÁFRICA
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.
Por tenda tem os cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...
A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...
Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
Universo após ela — doudo amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.
....................................
Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...
E nem tenho uma sombra de floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo às Pirâmides do Egito
Embalde aos quatro céus chorando grito:
"Abriga-me, Senhor!..."
Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: "Lá vai África embuçada
No seu branco albornoz... "
Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.
De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim ...
Onde branqueia a caravana errante,
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efraim
.......................................
Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!
........................................
Foi depois do dilúvio... um viadante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
"Cam! ... serás meu esposo bem-amado...
— Serei tua Eloá. . . "
Desde este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas,
E o nômade faminto corta as plagas
No rápido corcel.
Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão! ...
Cristo! embalde morreste sobre um monte
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...
Hoje em meu sangue a América se nutre
Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.
Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...
Castro Alves
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia
— Infinito: galé!...
Por abutre — me deste o sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé...
O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.
Por tenda tem os cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais...
A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...
Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
Universo após ela — doudo amante
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.
....................................
Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...
E nem tenho uma sombra de floresta...
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador...
Quando subo às Pirâmides do Egito
Embalde aos quatro céus chorando grito:
"Abriga-me, Senhor!..."
Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: "Lá vai África embuçada
No seu branco albornoz... "
Nem vêem que o deserto é meu sudário,
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja a Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.
De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim ...
Onde branqueia a caravana errante,
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efraim
.......................................
Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!
........................................
Foi depois do dilúvio... um viadante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará...
E eu disse ao peregrino fulminado:
"Cam! ... serás meu esposo bem-amado...
— Serei tua Eloá. . . "
Desde este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas,
E o nômade faminto corta as plagas
No rápido corcel.
Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão! ...
Cristo! embalde morreste sobre um monte
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...
Hoje em meu sangue a América se nutre
Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.
Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!
Há dois mil anos eu soluço um grito...
escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...
Castro Alves
São Paulo, 11 de junho de 1868
NAVIO NEGREIRO
Stamos
em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos
em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos
em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos
em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde
vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem
feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh!
que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens
do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai!
esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por
que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz!
Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
II
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do
Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O
Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os
marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
III
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras
mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E
ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa
nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No
entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E
ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem
são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São
os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São
mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá
nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Depois,
o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem
a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem
plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor
Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...
VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que imprudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde
pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade
atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
Castro Alves
sábado, 6 de novembro de 2010
Um ano de Saudade!!
Pego emprestado de Sergio Bitencourt a sua homenagem a ausência de seu pai Jacob do Bandolin. Diante deste ano de saudade que se completa hoje, é a música que na minha opinião mais representa a falta que meu pai me faz. Quando chego na mesa do senadinho e não o vejo, sinto sua falta e percebo também o fator agregador que era a presença dele para aqueles senhores.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Dilma vem de longe....
Fragmento de texto publicado ontem pelo Escrevinhador Rodrigo Viana, pois hoje comemoramos a vitória do Brasil e da mulher brasileira. Serve de homenagem para Dilma e para as lutas que sua vitória representa e da qual eu concordo em gênero número e grau. Viva o BRASIL!
Dilma é o reencontro do PT com o trabalhismo de origem varguista.
Por Rodrigo Viana
Depois de lutar contra a ditadura em organizaçções de esquerda marxista, Dilma optou pelo PDT quando a democracia voltou, nos aos 80. Esteve ao lado de Brizola, foi secretária de Alceu Collares no governo gaúcho. E não renega essa história, assim como não renega o passado de resistência à ditadura.
Brizola, esse grande brasileiro, costumava dizer: “venho de longe, de
muito longe”. A frase tinha um sentido duplo: ele queria dizer que
vinha de uma cidadezinha lá do interior gaúcho, e ao mesmo tempo que
representava uma corrente de lutas enraizada no imaginário popular. Era
um contraponto ao PT – que na época imaginava que as lutas populares no
Brasil tinham começadao em 79, com as greves do ABC.
Dilma vem de longe, sim!
Dilma representa as lutas sociais do Brasil, e poderíamos ir buscar
esse fio da história lá nas lutas anti-coloniais e anti-escravistas – de
Tiradentes e Zumbi. Mas fiquemos no passado mais recente. Dilma é o
tenentismo que lutou contra a República Velha. Dilma é o trabalhismo de
esquerda. Dilma é o nacionalismo de Vargas – com Petrobrás, BNDES e o
fortalecimento do Estado. Não é à toa que o ódio da elite anti-nacional
contra Vargas tenha reaparecido agora com o ódio contra Lula e Dilma.
A candidata petista vem de muito longe.
Dilma é a Campanha da Legalidade em 61 – movimento em que Brizola
resistiu contra o golpe, entricheirando-se no Palácio do Piratini e
convocando a Rede da Legalidade.
Dilma é Luiz Carlos Prestes. Dilma é Arraes. Dilma é Francisco Julião e suas Ligas Camponesas.
Dilma é a resistência ao Golpe de 64, a resistência à ditadura e ao
AI-5. Dilma é Lamarca, é Marighella e a esquerda de armas na mão contra a
ditadura. Mas Dilma é também o MDB de Ulysses e da luta pela democracia
formal. Nos anos 70, parecia que essa duas vertentes não iriam se
encontrar nunca. Mas elas se encontraram!
Dilma é a greve de 79. Dilma é Vila Euclides. Dilma é a Campanha das Diretas e a Constituição cidadã de 88.
Dilma é Brizola. Dilma é Lula.
Dilma vem de longe. Concentra em sua candidatura lutas históricas do
povo brasileiro. Dilma é a defesa de um legado de 8 anos. Defesa de um
governo que teve, sim, muitos erros. Mas significou um avanço tremendo
nesse país de tradição oligárquica e conservadora.
Dilma é a retomada do fio da história do
Brasil. Um fio interrompido em 64. Dilma é o MST e as centrais
sindicais. Dilma é o Brasil dos movimentos sociais, da luta contra
concentração de terra e renda, contra a concentração da informação na
mão de meia dúzia de famílias.
É importante eleger uma mulher – sim! Importantíssimo, e nos próximos
dias poderemos avaliar isso melhor. Mas Dilma não é simplesmente
“mulher”. É uma brasileira que ousou lutar contra a ditadura, em
organizações clandestinas. Isso a velha elite não perdoa. É uma marca
tão forte quanto os quatro dedos do operário que nunca será aceito na
velha turma.
Dilma vem de longe. Dilma não é uma “invenção do Lula”. Dilma concentra a esperança de um Brasil mais justo.
domingo, 31 de outubro de 2010
Sem medo de ser feliz - Olê olê olê olá, Dilma, Dilma Lá
Para a catarse de hoje um novo arranjo de Sem Medo de Ser Feliz oferecido por Wagner Tiso à campanha da Dilma. O jingle que foi criado originalmente para a campanha de Lula, em 1989, pelo
compositor Hilton Acioli, dono de rica trajetória na MPB. Parceiro de
Geraldo Vandré nos anos 60, Hilton Acioli popularizou o slogan Lula-lá,
que está na memória de toda uma geração. Em 89 eu tinha 20 anos e foi lindo.
É uma nova celebração de alegria e uma fonte de energia positiva para o dia de hoje que ao que tudo indica estaremos elegendo a primeira mulher presidente do Brasil. Será uma vitória da democracia, para que possamos continuar construindo um país mais humano, melhor e mais justo. Afinal hoje em dia temos um novo Brasil que precisa continuar avançando:
O Brasil de hoje do PROUNI está formando mais de 400
médicos filhos de faxineira, empregadas domésticas e uma infinidade de
outros trabalhadores braçais que nunca sonharam em ter seus filhos na
universidade.
O Brasil de hoje é um Brasil que nos faz ter orgulho de ser brasileiros,
apesar de toda a tentativa perversa de uma mídia monopolizada e
partidária desmoralizar o presidente mais popular da história do país.
O Brasil de hoje fez a maior capitalização da história mundial de uma empresa, a Petrobras, que cada dia é mais brasileira e que garantiu as riquezas do pré-sal para o povo brasileiro.
O Brasil de hoje tem a chance de eleger uma mulher com uma história de vida e uma história pública de decência, voltada para a luta contra a ditadura militar e que foi presa e torturada por isso.
Foi uma campanha dura, suja e difícil, não foi certamente para quem tem estômago fraco. A sujeira vinda do outro lado com apoio e a conivência de uma imprensa comprometida com o que há de pior e mais atrasado no nosso país muitas vezes foi de engasgar. Mas, é o final e no final de toda boa história acaba tudo bem.
E o final dessa é sem medo de ser feliz e Dilma Lá!!!!!
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Caro Noblat. O tamanho de Lula não é pautado por você nem pela velha mídia!
Ricardo Noblat, é para mim apenas o alvo visível, pois na verdade essa bela e elegante carta aberta de um cidadão brasileiro (Carlos Moura de Além Paraíba MG) é para toda a velha mídia e as quatro famiglias que a controlam, ou melhor, controlavam. A internet e a interação que proprocionam está cada vez mais, minando este poder e alguns jornais, revistas e canais de tv estão aí para demonstrar. Portanto concordo com a carta do Moura em gênero, número e grau.
Carta aberta de Carlos Moura (aposentado, fotógrafo, redator de
jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e
coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba-MG) para o jornalista
de "O Globo" Ricardo Noblat.
===
Noblat
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande
ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O
Estadão? A Folha?
Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT,
nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria,
jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua
geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua
acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários
que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu
morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos
sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma
universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem
utopia era, era um delírio.
Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio
do caminho. Minha origem é tipicamente "brasileira", da gente cabralina
que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou
melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que
tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura &
mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.
O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram
oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia
política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu
como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por
quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo
Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de
TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um
feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de
cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a
ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas
coisas: barra de saia ou barra de ouro.
O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de
perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba.
O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio,
obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que
vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da
dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não
importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita ("esqueçam o
que eu escrevi", " tenho um pé na senzala" "o resultado foi um trabalho
de Deus"). O que vale é a forma, o estilo envernizado.
As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas
também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são
ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa
desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes
falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos
dias, "manchetar" a "queda" de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do
primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível
falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a "liturgia" do
cargo. Ao togado basta o cinismo.
Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você
disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida
não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior
revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de
mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa,
desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à
TV.
Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra
Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa
junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a "matança
de criancinhas", enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de
uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu
país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da
padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário
eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é "acadêmica".
A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir "caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade".
Você não vai "decidir" que Lula ficou menor, não. A História não está
sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual
você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de
marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro
lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet
vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando
nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.
Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Um Alerta!
Emiliano José prestou esta linda homenagem ao meu querido pai quando este fez oitenta anos, eram muito amigos. Conssidero Emiliano um grande brasileiro e meu pai também tinha este sentimento quando estava entre nós. Então republico aqui neste espaço importante artigo de alerta escrito por ele no qual concordo Em Gênero Número e Grau!
Os cães de guarda do
Serra em ação
Por EmilianoJosé
Estamos a seis dias das eleições. Não sei por que, mas logo me veio à mente o título do notável livro de John Reed – Os dez dias que abalaram o mundo. É uma notável reportagem sobre a aurora da Revolução Russa. A lembrança talvez venha porque tenho absoluta convicção de que esses próximos dez dias são fundamentais para o nosso destino, para o destino do povo brasileiro. E mais do que isso, e é disso que quero tratar, serão dias de um estrebuchar midiático nunca antes visto neste País. Nós não temos o direito de nos enganar quanto a isso. Não podemos nos iludir.
Está posto que a mídia no Brasil é uma das mais partidarizadas do mundo. Não há no Brasil, ao menos se consideramos o seleto núcleo de famílias de onde sai as diretivas para o resto do País, não há aquilo que no jornalismo se denomina cobertura, que implica um olhar sobre o fato o mais verdadeiro possível. O núcleo é constituído pelas famílias que controlam os complexos midiáticos Globo, Folha, Estadão e Abril. Esse é o secretariado do Comitê central do partido político midiático brasileiro. E está posto que a ação deles nesses 10 dias será intensa. E que não haverá qualquer compromisso com os fatos.
O candidato do partido é Serra – ou será que há ainda quem duvide? E por esse candidato eles – os barões midiáticos – continuarão a fazer mais do mesmo – utilizar os fatos para construir as versões que melhor atenderem aos interesses de Serra. Lula, antes da divulgação do relatório da Polícia Federal sobre os supostos dossiês sobre os tucanos, disse que o problema eram sempre as versões, e acertou em cheio. Deturparam tudo. Os tucanos se engalfinham e o PT é culpado.
Os barões midiáticos atuarão nesses dias com uma intensidade maior do que tudo aquilo que nós já vimos, embora o que se viu até agora em nossa história não seja pouco. Estão considerando que esta é a eleição da vida deles. A expectativa de continuarem fora do controle direto do Estado os preocupa e por isso cotidianamente a cobertura e os colunistas se empenham todo o tempo em subsidiar a oposição, em municiar o candidato do partido.
Que não me alertem sobre o perigo de uma visão conspirativa.
A mídia brasileira, ao menos aquele núcleo hegemônico, conspira há muito tempo, e sempre a favor das classes dominantes, dos setores mais conservadores da sociedade brasileiros, dos eternos detentores de privilégios. Eles não guardam sequer o recato de cumprir os manuais de redação, aquelas coisas do beabá do jornalismo, que se aprende nos primeiros semestres das escolas de comunicação. No partido político midiático, que o deputado Fernando Ferro chamou de Partido da Imprensa Golpista, o famoso PIG, a pauta tem sempre direção, orientação política, e ao reportariado cabe cumpri-la, sem discussão. Aqui e ali, alguma distração.
Vou insistir: não temos o direito da ilusão. Não esperemos nenhuma atitude séria, honesta do partido político midiático. Aliás, se voltamos ao passado, e não precisa ser tão remoto, vamos ver sempre esse partido atuando em favor das causas mais conservadoras, sem temer pelas conseqüências. Quem quiser, dê uma lida no capítulo denominado Mar de Lama, do livro de Flávio Tavares denominado O dia em que Getúlio matou Allende e outras novelas do poder. Nesse capítulo, fica evidente como a mídia orientou toda a ação política para derrubar Getúlio, e que terminou com o suicídio do presidente.
Quem não se lembra da atividade militante de nossa mídia a favor do golpe de 1964, salvo sempre as exceções, e nesse caso só Última Hora? Não importa que daí sobreviesse, como ocorreu, um regime de terror e morte. E durante a ditadura, a mídia teve sempre uma atitude complacente, como denomina o jornalista e professor Bernardo Kucinski em seu livro Jornalistas e Revolucionários – nos tempos da imprensa alternativa. Complacente e muitas vezes conivente com a ditadura.
Quem quiser conhecer um pouco da atitude do Grupo Folhas durante a ditadura é só ler o extraordinário livro de Beatriz Kushnir – Cães de Guarda – Jornalistas e Censores. Ali fica evidente como o Grupo Folhas foi um entusiasta defensor da ditadura militar. O Estadão, se sabe, foi sempre um jornal vinculado à direita. Teve o mérito, ao menos, agora, de declarar o voto em Serra. E mostrou a sua verdadeira face ao censurar Maria Rita Khel por publicar artigo defendendo o Bolsa Família. Do grupo Civita, há pouco que dizer, por desnecessário. A revista Veja é uma excrescência, um panfleto da extrema-direita. Do grupo Globo, que dizer? Há uma caudalosa bibliografia a respeito, que a desnuda, e que eu não vou perder tempo em citá-la. Era porta-voz da ditadura, esteve sempre ao lado dos privilegiados e se aliou ao longo de sua história, sem qualquer variação, aos mais destacados homens da direita brasileira.
Por tudo isso, quero reiterar: vamos manter acesa a idéia de que é preciso mostrar o que esse projeto político em curso, com Lula à frente, fez pelo povo brasileiro, as extraordinárias mudanças que estamos fazendo no Brasil. E, por todos os meios que tivermos, no leito da democracia, desmontar o festival de mentiras, de calúnias, de sordidez que vem sendo orquestrado pela campanha de Serra, com a participação decisiva do partido político midiático.
Mais do que nunca é necessário dar adeus às ilusões de uma mídia com características democráticas no Brasil atual. E é necessário ter clareza de que temos que dar passos firmes na direção da democratização da mídia, por mais que ela estrebuche. A imprensa tem que cumprir com suas obrigações constitucionais. Não pode se constituir em partido político disfarçando-se de imprensa. A democracia há de chegar à mídia também. Para que o país avance. E para que façamos isso é preciso eleger Dilma presidente.
Emiliano é jornalista, escritor, prof. Dr. em Comunicação e Cultura Contemporâneas.
domingo, 17 de outubro de 2010
Um poço de discórdias. é isso que queremos do Brasil?
O Brasil com sua jovem democracia vive um momento que para mim é de perplexidade. Em pleno século 21 que já está por findar a sua primeira década, surge um candidato a presidência da republica que fomenta o ódio e o preconceito e para piorar instrumentaliza a religião e a intolerância que pode vir daí.
O que ele quer?
Conflagrar o país com uma guerra santa?
Intolerância religiosa num país em que sabidamente existe uma diversidade gigantesaca é um de um perigo sem tamanho. Mas como não sou muito bom com as palavras e estou indignado demais com esta sugeira, paro por aqui e deixo com vocês exelente texto do escrevinhador Rodrigo Viana sobre a atuação de tão lamentável figura, pois é mais sóbrio e elegante do que eu seria;
O que ele quer?
Conflagrar o país com uma guerra santa?
Intolerância religiosa num país em que sabidamente existe uma diversidade gigantesaca é um de um perigo sem tamanho. Mas como não sou muito bom com as palavras e estou indignado demais com esta sugeira, paro por aqui e deixo com vocês exelente texto do escrevinhador Rodrigo Viana sobre a atuação de tão lamentável figura, pois é mais sóbrio e elegante do que eu seria;
Tullius Detritus: um especialista da discórdia
Por Rodrigo Viana no seu Escrevinhador.
A figura acima, caro leitor, lembra algum personagem da cena política brasileira?
Enquanto você pensa, explico que Tullius Detritus é para mim um
personagem inesquecível. Dos 10 aos 14 anos, fui leitor fanático de
Asterix. Montei, com meu irmão, a coleção completa das aventuras do
herói gaulês. Coleção que – tenho o prazer de constatar – hoje é
saboreada por meus filhos adolescentes.
Para quem não sabe: “Asterix” é uma série de quadrinhos, francesa,
que conta a história de uma aldeia de gauleses (antepassados dos
franceses) que teima em resistir ao invasor romano – enquanto toda a
Gália já se rendeu. A aldeia de Asterix resiste graças a poderes
especiais conferidos por uma poção mágica.
Depois de usar muitas técnicas para derrotar os “irredutíveis”, o
imperador Julio Cesar tem uma idéia genial: infiltrar na aldeia o agente
romano Tullius Detritus. Qual a especialidade de Detritus? Semear a
discórdia, a cizânia. Roma tenta dividir os gauleses para vencê-los.
Essa é a história de “Asterix e a Cizânia”.
Voltemos ao Brasil.
A campanha de 2010 é, certamente, a mais suja de todos os tempos. Não
é surpresa. Ciro Gomes já tinha avisado. A presença de Serra era
prenúncio de jogadas sombrias, ataques sinuosos. Mas pouca gente
imaginava que poderíamos chegar a esse ponto.
O Detritus brasileiro já conseguira dividir o PSDB paulista. Depois,
dividiu o PSDB nacional (usando métodos pouco ortodoxos na disputa com
Aécio). Agora, divide a Igreja Católica; e aprofunda certas divisões
entre evangélicos – fomentando algumas denominações contra outras.
O episódio ocorrido nesse sábado, no Ceará, chama atenção: um padre católico reagiu à presença de Detritus e
à tática de distribuir panfletos de bispos contra Dilma. O (ainda)
senador Tasso (que acompanhava Detritus) bateu boca com o padre. Houve
tensão e medo: um local de orações por pouco não se transforma em praça
de guerra. O padre – vejam só – teve que ser retirado, enquanto petistas
e tucanos ameaçavam se enfrentar!
Percebem a gravidade da situação?
Tullius Detritus semeia a cizânia –
também – com essa lamentável tentativa de colar em Dilma o rótulo de
“abortista”. Colocou – vejam – a própria mulher na rua, a dizer: “Dilma
quer matar as criancinhas”.
Um parlamentar do PT acaba de me contar que o episódio do Ceará não é
fato isolado. Em São Paulo, diz-me, teriam havido nos últimos dias
(especialmente nas periferias) vários episódios de fiéis se insurgindo
contra padres, de padres discordando de textos escritos por bispos, sem
contar as brigas públicas de bispos com outros bispos.
Qual o motivo? Tullius Detritus!
A campanha fétida – com apelo falsamente religioso – lançada por Detritus ameaça dividir a Igreja Católica. Basta ler o artigo de Emílio Rodriguez -
um veterano da militância católica – publicado no blog do Azenha, para
ver o tamanho da encrenca. Emílio já não suporta ver a Igreja usurpada
pela campanha de Serra.
Os bispos católicos que se afundam nessa campanha de ódio têm a
recompensa terrena: os seus nomes são levados para as delegacias – como
aconteceu também nesse sábado em São Paulo (bispos teriam
encomendado milhões de panfletos para atacar Dilma; os panfletos foram
apreendidos numa gráfica, e o caso foi parar na polícia).
Enquanto isso, Tullius Detritus esfrega as mãos. Ele não se importa
com os estragos, nem com o risco de lançar o país em uma guerra
religiosa. Botou na cabeça que deve ser presidente da República – custe o
que custar. Para isso, não há limites. Nas última semanas, esse
personagem levou nosso país até muito perto do precipício, fomentando
ódio e intolerância – que já se sente nas ruas.
Também nos quadrinhos, Tullius Detritus é um personagem sombrio e
perigoso. Mas, ao fim, Asterix e seus amigos conseguem derrotá-lo.
No Brasil, cabe ao eleitor dar a resposta. Não é preciso usar poção mágica. Basta o voto.
sábado, 2 de outubro de 2010
Em quem você vai votar?
Declaração de Voto
Voto na Bahia portanto o meu voto é o seguinte:
Presidente - Dilma Rousseff - PT - 13
Governador - Jaques Wagner - PT - 13
Senador 1 - Walter Pinheiro - PT - 130
Senador 2 - Lídice da Mata - PSB - 400
Deputado Federal - Emiliano José - PT - 1331
Deputada Estadual - Neuza Cadore - PT - 13690
Logo para mim a melhor opção para o Brasil no momento é uma ex-guerrilheira nerd.
Então deixo 13 Razões para votar em Dilma.
2. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a
mãe de todas as razões. É um governo aprovado por mais de 80% dos
brasileiros e, em todas áreas, tem uma coleção de números de fazer
inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana.
Um bom governo, deve: (a) ser democrático, (b) Zelar pela estabilidade econômica, e (c) combater a pobreza e a
desigualdade. Por esses critérios, o governo Lula foi indiscutivelmente
bom. Vejamos:
A) O governo Lula, tanto quanto o governo FHC, foi um governo
democrático. Quem lê jornal no Brasil não apenas percebe que é permitido
falar mal do governo. Os partidos de oposição
atuam com plena liberdade, os movimentos sociais, idem, e, aliás, eu
também.
B) A economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que
falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição
competente). Companheiros, deixemos de falar besteira: a política
econômica foi um sucesso. Mantivemos o bom sistema de metas de inflação
implantado por Armínio Fraga no segundo governo FHC, e
acrescentamos a isso: uma preocupação por acumular
reservas internacionais, a excelente ideia de comprar de volta nossa
dívida em dólar, e medidas de incentivo fiscal quando foi necessário. A
dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir
quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair já
agora.
Por essas e outras, fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair
da maior crise econômica desde 1929. Os tucanos se consideravam uma
espécie de Keynes coletivo por terem sobrevivido à crise do México. Com
muito menos custo, sobrevivemos à crise dos EUA. E isso se deu porque a
economia durante a Era Lula foi muito mais bem administrada do que
durante o primeiro governo FHC. No segundo governo FHC, aí sim, a
economia foi melhor gerida, e Lula fez muito bem em utilizar alguns dos seus métodos de
gestão.
C) E, na área social, o Lula realmente se destaca na história
brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além
de parabéns por ter copiado o Bolsa-Escola do governo petista do
Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na
década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção
insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais; mas, uma vez estabelecido o programa foi implementado com imenso
sucesso, e, associado à política de recuperação do salário mínimo, e à
boa gestão da economia, geraram resultados que não estavam nas projeções
do mais otimista dos petistas em 2002. Para ser honesto, eu sempre
votei no Lula, mas nunca achei que fosse dar tão certo.
A pobreza caiu algo como 43%. Vou dizer com palavras, para não
dizerem que sou cabeça-de-planilha: a pobreza no Brasil caiu quase pela
metade. ACM Neto, escreva essa frase no quadro mil vezes. Mais de 30
milhões de pessoas (meia França, não muito menos que uma Argentina
inteira) subiram às classes ABC. Cortamos a pobreza extrema pela metade
(mas ainda é, claro, vergonhoso que tenhamos pobreza extrema). A
desigualdade de renda caiu consideravelmente: a renda dos 10% mais ricos
cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais
pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas.
Dilma Rousseff foi parte deste
governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.
3. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público.
Esta é a razão principal porque o PSDB foge da figura de Fernando Henrique
Cardoso como o diabo foge da cruz. É a categórica opção, feita pela
esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a
desregulamentação e a venda do patrimônio público de forma atabalhoada.
Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. No
governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de
combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de
quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da
história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem
representa a continuação desse fortalecimento.
4. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família.
Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa
de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e
centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o
Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução
da desigualdade.
5. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo.
A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de
uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita
estritamente controlada pelos EUA, à condição de país
internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder
incontestável da América Latina. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias
multilaterais e pela autodeterminação dos povos que é a tradição do Itamaraty.
6. Dilma provou ser uma verdadeira democrata.
Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo
Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre
Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado;
grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de
declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais
adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu
um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Ou seja é falsa a alegação de que se eleita seria um risco a liberdade de imprensa.
7. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia.
Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o
Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um
vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no
abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da
implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de
ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de
ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de
petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta
possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de
petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda
das fontes limpas e renováveis de energia.
8. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil.
Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico
tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo,
alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de
tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias
policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula,
16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas
escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria
negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal
saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora tem um
plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas
que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você
é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola,
basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não
terá dúvidas sobre em quem votar.
9. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O
histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo.
Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; o Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso. Sem
misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da
lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com
as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de
respeito e diálogo. É assim que deve ser
10. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado.
Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático,
admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi
submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o
ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus
vizinhos do Cone Sul. É
Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e
tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem
transigir na aplicação da lei.
11. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este
blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Infelizmente ela tem tudo o que conhecemos de algumas candidaturas problemáticas do passado: a “solidão”, a “sinceridade”, a “boa vontade”. Perguntada sobre como governaria, é franca: com os “bons” dos dois lados. Ou seja, está sozinha. E existe um detalhezinho chamado política. Só se explica esta opção pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade.
Só um romantismo quase pueril acreditaria que é possível governar assim. Mas é
tão arraigada a fantasia a respeito das “pessoas de bem que mudam o
mundo da política” que muita gente, especialmente na classe média
metropolitana, se seduz por ela.
No entanto um político governa com a equipe política que conseguir montar, e é a
equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os
interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os
seus problemas, e são muitos, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o
suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil.
12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida.
Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a
ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado.
Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é
outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da
normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio
patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir,
por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que
acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na
pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma
Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no
trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido
dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em
Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era
possível. Muitos petistas adotaram,
especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o
trabalhismo, incapazes que foram de ver qualquer característica positiva
no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira
vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o
lulismo e tradição trabalhista que ele transforma.
13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista.
A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, quem sabe
milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda
recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da
população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só
por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já
demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a
mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é
desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a
vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima
dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma
como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros
jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a
vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as
possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente,
de crianças e adolescentes do sexo feminino.
Declaração de Conflito de Interesse - Tenho duas filhinhas que serão adolescentes ou pré-adolescentes ao final de um possível governo de dois mandatos da Dilma.
É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.
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