Fragmento de texto publicado ontem pelo Escrevinhador Rodrigo Viana, pois hoje comemoramos a vitória do Brasil e da mulher brasileira. Serve de homenagem para Dilma e para as lutas que sua vitória representa e da qual eu concordo em gênero número e grau. Viva o BRASIL!
Dilma é o reencontro do PT com o trabalhismo de origem varguista.
Por Rodrigo Viana
Depois de lutar contra a ditadura em organizaçções de esquerda marxista, Dilma optou pelo PDT quando a democracia voltou, nos aos 80. Esteve ao lado de Brizola, foi secretária de Alceu Collares no governo gaúcho. E não renega essa história, assim como não renega o passado de resistência à ditadura.
Brizola, esse grande brasileiro, costumava dizer: “venho de longe, de
muito longe”. A frase tinha um sentido duplo: ele queria dizer que
vinha de uma cidadezinha lá do interior gaúcho, e ao mesmo tempo que
representava uma corrente de lutas enraizada no imaginário popular. Era
um contraponto ao PT – que na época imaginava que as lutas populares no
Brasil tinham começadao em 79, com as greves do ABC.
Dilma vem de longe, sim!
Dilma representa as lutas sociais do Brasil, e poderíamos ir buscar
esse fio da história lá nas lutas anti-coloniais e anti-escravistas – de
Tiradentes e Zumbi. Mas fiquemos no passado mais recente. Dilma é o
tenentismo que lutou contra a República Velha. Dilma é o trabalhismo de
esquerda. Dilma é o nacionalismo de Vargas – com Petrobrás, BNDES e o
fortalecimento do Estado. Não é à toa que o ódio da elite anti-nacional
contra Vargas tenha reaparecido agora com o ódio contra Lula e Dilma.
A candidata petista vem de muito longe.
Dilma é a Campanha da Legalidade em 61 – movimento em que Brizola
resistiu contra o golpe, entricheirando-se no Palácio do Piratini e
convocando a Rede da Legalidade.
Dilma é Luiz Carlos Prestes. Dilma é Arraes. Dilma é Francisco Julião e suas Ligas Camponesas.
Dilma é a resistência ao Golpe de 64, a resistência à ditadura e ao
AI-5. Dilma é Lamarca, é Marighella e a esquerda de armas na mão contra a
ditadura. Mas Dilma é também o MDB de Ulysses e da luta pela democracia
formal. Nos anos 70, parecia que essa duas vertentes não iriam se
encontrar nunca. Mas elas se encontraram!
Dilma é a greve de 79. Dilma é Vila Euclides. Dilma é a Campanha das Diretas e a Constituição cidadã de 88.
Dilma é Brizola. Dilma é Lula.
Dilma vem de longe. Concentra em sua candidatura lutas históricas do
povo brasileiro. Dilma é a defesa de um legado de 8 anos. Defesa de um
governo que teve, sim, muitos erros. Mas significou um avanço tremendo
nesse país de tradição oligárquica e conservadora.
Dilma é a retomada do fio da história do
Brasil. Um fio interrompido em 64. Dilma é o MST e as centrais
sindicais. Dilma é o Brasil dos movimentos sociais, da luta contra
concentração de terra e renda, contra a concentração da informação na
mão de meia dúzia de famílias.
É importante eleger uma mulher – sim! Importantíssimo, e nos próximos
dias poderemos avaliar isso melhor. Mas Dilma não é simplesmente
“mulher”. É uma brasileira que ousou lutar contra a ditadura, em
organizações clandestinas. Isso a velha elite não perdoa. É uma marca
tão forte quanto os quatro dedos do operário que nunca será aceito na
velha turma.
Dilma vem de longe. Dilma não é uma “invenção do Lula”. Dilma concentra a esperança de um Brasil mais justo.
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