domingo, 31 de outubro de 2010

Sem medo de ser feliz - Olê olê olê olá, Dilma, Dilma Lá




Para a catarse de hoje um novo arranjo de Sem Medo de Ser Feliz oferecido por Wagner Tiso à campanha da Dilma. O jingle que foi criado originalmente para a campanha de Lula, em 1989, pelo compositor Hilton Acioli, dono de rica trajetória na MPB. Parceiro de Geraldo Vandré nos anos 60, Hilton Acioli popularizou o slogan Lula-lá, que está na memória de toda uma geração. Em 89 eu tinha 20 anos e foi lindo.

É uma nova celebração de alegria e uma fonte de energia positiva para o dia de hoje que ao que tudo indica estaremos elegendo a primeira mulher presidente do Brasil. Será uma vitória da democracia, para que possamos continuar construindo um país mais humano, melhor e mais justo. Afinal hoje em dia temos um novo Brasil que precisa continuar avançando:

O Brasil de hoje do PROUNI está formando mais de 400 médicos filhos de faxineira, empregadas domésticas e uma infinidade de outros trabalhadores braçais que nunca sonharam em ter seus filhos na universidade.

O Brasil de hoje é um Brasil que nos faz ter orgulho de ser brasileiros, apesar de toda a tentativa perversa de uma mídia monopolizada e partidária desmoralizar o presidente mais popular da história do país.

O Brasil de hoje fez a maior capitalização da história mundial de uma empresa, a Petrobras, que cada dia é mais brasileira e que garantiu as riquezas do pré-sal para o povo brasileiro.

O Brasil de hoje tem a chance de eleger uma mulher com uma história de vida e uma história pública de decência, voltada para a luta contra a ditadura militar e que foi presa e torturada por isso.

Foi uma campanha dura, suja e difícil, não foi certamente para quem tem estômago fraco. A sujeira vinda do outro lado com apoio e a conivência de uma imprensa comprometida com o que há de pior  e mais atrasado no nosso país muitas vezes foi de engasgar. Mas, é o final e no final de toda boa história acaba tudo bem.

E o final dessa é sem medo de ser feliz e Dilma Lá!!!!!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Caro Noblat. O tamanho de Lula não é pautado por você nem pela velha mídia!


Ricardo Noblat, é para mim apenas o alvo visível, pois na verdade essa bela e elegante carta aberta de um cidadão brasileiro  (Carlos Moura de Além Paraíba MG) é para toda a velha mídia e as quatro famiglias que a controlam, ou melhor, controlavam. A internet e a interação que proprocionam está cada vez mais, minando este poder e alguns jornais, revistas e canais de tv estão aí para demonstrar. Portanto concordo com a carta do Moura em gênero, número e grau.

Carta aberta de Carlos Moura (aposentado, fotógrafo, redator de jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba-MG) para o jornalista de "O Globo" Ricardo Noblat.

===

Noblat

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente "brasileira", da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita ("esqueçam o que eu escrevi", " tenho um pé na senzala" "o resultado foi um trabalho de Deus"). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca. A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, "manchetar" a "queda" de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a "liturgia" do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a "matança de criancinhas", enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é "acadêmica".

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir "caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade".

Você não vai "decidir" que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
 
Além Paraíba-MG

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um Alerta!

Emiliano José prestou esta linda homenagem ao meu querido pai quando este fez oitenta anos, eram muito amigos. Conssidero Emiliano um grande brasileiro e meu pai também tinha este sentimento quando estava entre nós. Então republico aqui neste espaço importante artigo de alerta escrito por ele no qual concordo Em Gênero Número e Grau!

Os cães de guarda do Serra em ação

Estamos a seis dias das eleições. Não sei por que, mas logo me veio à mente o título do notável livro de John Reed – Os dez dias que abalaram o mundo. É uma notável reportagem sobre a aurora da Revolução Russa. A lembrança talvez venha porque tenho absoluta convicção de que esses próximos dez dias são fundamentais para o nosso destino, para o destino do povo brasileiro. E mais do que isso, e é disso que quero tratar, serão dias de um estrebuchar midiático nunca antes visto neste País. Nós não temos o direito de nos enganar quanto a isso. Não podemos nos iludir.

Está posto que a mídia no Brasil é uma das mais partidarizadas do mundo. Não há no Brasil, ao menos se consideramos o seleto núcleo de famílias de onde sai as diretivas para o resto do País, não há aquilo que no jornalismo se denomina cobertura, que implica um olhar sobre o fato o mais verdadeiro possível. O núcleo é constituído pelas famílias que controlam os complexos midiáticos Globo, Folha, Estadão e Abril. Esse é o secretariado do Comitê central do partido político midiático brasileiro. E está posto que a ação deles nesses 10 dias será intensa. E que não haverá qualquer compromisso com os fatos.

O candidato do partido é Serra – ou será que há ainda quem duvide? E por esse candidato eles – os barões midiáticos – continuarão a fazer mais do mesmo – utilizar os fatos para construir as versões que melhor atenderem aos interesses de Serra.  Lula, antes da divulgação do relatório da Polícia Federal sobre os supostos dossiês sobre os tucanos, disse que o problema eram sempre as versões, e acertou em cheio. Deturparam tudo. Os tucanos se engalfinham e o PT é culpado.

Os barões midiáticos atuarão nesses dias com uma intensidade maior do que tudo aquilo que nós já vimos, embora o que se viu até agora em nossa história não seja pouco. Estão considerando que esta é a eleição da vida deles. A expectativa de continuarem fora do controle direto do Estado os preocupa e por isso cotidianamente a cobertura e os colunistas se empenham todo o tempo em subsidiar a oposição, em municiar o candidato do partido.

Que não me alertem sobre o perigo de uma visão conspirativa.

A mídia brasileira, ao menos aquele núcleo hegemônico, conspira há muito tempo, e sempre a favor das classes dominantes, dos setores mais conservadores da sociedade brasileiros, dos eternos detentores de privilégios. Eles não guardam sequer o recato de cumprir os manuais de redação, aquelas coisas do beabá do jornalismo, que se aprende nos primeiros semestres das escolas de comunicação. No partido político midiático, que o deputado Fernando Ferro chamou de Partido da Imprensa Golpista, o famoso PIG, a pauta tem sempre direção, orientação política, e ao reportariado cabe cumpri-la, sem discussão. Aqui e ali, alguma distração.

Vou insistir: não temos o direito da ilusão. Não esperemos nenhuma atitude séria, honesta do partido político midiático. Aliás, se voltamos ao passado, e não precisa ser tão remoto, vamos ver sempre esse partido atuando em favor das causas mais conservadoras, sem temer pelas conseqüências. Quem quiser, dê uma lida no capítulo denominado Mar de Lama, do livro de Flávio Tavares denominado O dia em que Getúlio matou Allende e outras novelas do poder. Nesse capítulo, fica evidente como a mídia orientou toda a ação política para derrubar Getúlio, e que terminou com o suicídio do presidente.

Quem não se lembra da atividade militante de nossa mídia a favor do golpe de 1964, salvo sempre as exceções, e nesse caso só Última Hora? Não importa que daí sobreviesse, como ocorreu, um regime de terror e morte. E durante a ditadura, a mídia teve sempre uma atitude complacente, como denomina o jornalista e professor Bernardo Kucinski em seu livro Jornalistas e Revolucionários – nos tempos da imprensa alternativa. Complacente e muitas vezes conivente com a ditadura.

Quem quiser conhecer um pouco da atitude do Grupo Folhas durante a ditadura é só ler o extraordinário livro de Beatriz Kushnir – Cães de Guarda – Jornalistas e Censores. Ali fica evidente como o Grupo Folhas foi um entusiasta defensor da ditadura militar. O Estadão, se sabe, foi sempre um jornal vinculado à direita. Teve o mérito, ao menos, agora, de declarar o voto em Serra. E mostrou a sua verdadeira face ao censurar Maria Rita Khel por publicar artigo defendendo o Bolsa Família. Do grupo Civita, há pouco que dizer, por desnecessário. A revista Veja é uma excrescência, um panfleto da extrema-direita. Do grupo Globo, que dizer? Há uma caudalosa bibliografia a respeito, que a desnuda, e que eu não vou perder tempo em citá-la. Era porta-voz da ditadura, esteve sempre ao lado dos privilegiados e se aliou ao longo de sua história, sem qualquer variação, aos mais destacados homens da direita brasileira.

Por tudo isso, quero reiterar: vamos manter acesa a idéia de que é preciso mostrar o que esse projeto político em curso, com Lula à frente, fez pelo povo brasileiro, as extraordinárias mudanças que estamos fazendo no Brasil. E, por todos os meios que tivermos, no leito da democracia, desmontar o festival de mentiras, de calúnias, de sordidez que vem sendo orquestrado pela campanha de Serra, com a participação decisiva do partido político midiático.

Mais do que nunca é necessário dar adeus às ilusões de uma mídia com características democráticas no Brasil atual. E é necessário ter clareza de que temos que dar passos firmes na direção da democratização da mídia, por mais que ela estrebuche. A imprensa tem que cumprir com suas obrigações constitucionais. Não pode se constituir em partido político disfarçando-se de imprensa.  A democracia há de chegar à mídia também. Para que o país avance. E para que façamos isso é preciso eleger Dilma presidente.


Emiliano é jornalista, escritor, prof. Dr. em Comunicação e Cultura Contemporâneas.

domingo, 17 de outubro de 2010

Um poço de discórdias. é isso que queremos do Brasil?

O Brasil com sua jovem democracia vive um momento que para mim é de perplexidade. Em pleno século 21 que já está por findar a sua primeira década, surge um candidato a presidência da republica que fomenta o ódio e o preconceito e para piorar instrumentaliza a religião e a intolerância que pode vir daí.

O que ele quer?

Conflagrar o país com uma guerra santa?

Intolerância religiosa num país em que sabidamente existe uma diversidade gigantesaca é um de um perigo sem tamanho. Mas como não sou muito bom com as palavras e estou indignado demais com esta sugeira, paro por aqui e deixo com vocês exelente texto do escrevinhador Rodrigo Viana sobre a atuação de tão lamentável figura, pois é mais sóbrio e elegante do que eu seria;

Tullius Detritus: um especialista da discórdia


 Por Rodrigo Viana no seu Escrevinhador.

A figura acima, caro leitor, lembra algum personagem da cena política brasileira?

Enquanto você pensa, explico que Tullius Detritus é para mim um personagem inesquecível. Dos 10 aos 14 anos, fui leitor fanático de Asterix. Montei, com meu irmão, a coleção completa das aventuras do herói gaulês. Coleção que – tenho o prazer de constatar – hoje é saboreada por meus filhos adolescentes.

Para quem não sabe: “Asterix” é uma série de quadrinhos, francesa, que conta a história de uma aldeia de gauleses (antepassados dos franceses) que teima em resistir ao invasor romano – enquanto toda a Gália já se rendeu. A aldeia de Asterix resiste graças a poderes especiais conferidos por uma poção mágica.

Depois de usar muitas técnicas para derrotar os “irredutíveis”, o imperador Julio Cesar tem uma idéia genial: infiltrar na aldeia o agente romano Tullius Detritus. Qual a especialidade de Detritus? Semear a discórdia, a cizânia. Roma tenta dividir os gauleses para vencê-los. Essa é a história de “Asterix e a Cizânia”.

Voltemos ao Brasil.

A campanha de 2010 é, certamente, a mais suja de todos os tempos. Não é surpresa. Ciro Gomes já tinha avisado. A presença de Serra era prenúncio de jogadas sombrias, ataques sinuosos. Mas pouca gente imaginava que poderíamos chegar a esse ponto.

O Detritus brasileiro já conseguira dividir o PSDB paulista. Depois, dividiu o PSDB nacional (usando métodos pouco ortodoxos na disputa com Aécio). Agora, divide a Igreja Católica; e aprofunda certas divisões entre evangélicos – fomentando algumas denominações contra outras.

O episódio ocorrido nesse sábado, no Ceará,  chama atenção: um padre católico reagiu à presença de Detritus e à tática de distribuir panfletos  de bispos contra Dilma. O (ainda) senador Tasso (que acompanhava Detritus) bateu boca com o padre. Houve tensão e medo: um local de orações por pouco não se transforma em praça de guerra. O padre – vejam só – teve que ser retirado, enquanto petistas e tucanos ameaçavam se enfrentar!

Percebem a gravidade da situação?

Tullius Detritus semeia a cizânia – também – com essa lamentável tentativa de colar em Dilma o rótulo de “abortista”. Colocou – vejam – a própria mulher na rua, a dizer: “Dilma quer matar as criancinhas”.

Um parlamentar do PT acaba de me contar que o episódio do Ceará não é fato isolado. Em São Paulo, diz-me, teriam havido nos últimos dias (especialmente nas periferias)  vários episódios de fiéis se insurgindo contra padres, de padres discordando de textos escritos por bispos, sem contar as brigas públicas de bispos com outros bispos.

Qual o motivo? Tullius Detritus!

A campanha fétida – com apelo falsamente religioso – lançada por Detritus ameaça dividir a Igreja Católica. Basta ler o artigo de Emílio Rodriguez  - um veterano da militância católica – publicado no blog do Azenha,  para ver o tamanho da encrenca. Emílio já não suporta ver a Igreja usurpada pela campanha de Serra.

Os bispos católicos que se afundam nessa campanha de ódio têm a recompensa terrena: os seus nomes são levados para as delegacias – como aconteceu também nesse sábado em São Paulo (bispos teriam encomendado milhões de panfletos para atacar Dilma; os panfletos foram apreendidos numa gráfica, e o caso foi parar na polícia).

Enquanto isso, Tullius Detritus esfrega as mãos. Ele não se importa com os estragos, nem com o risco de lançar o país em uma guerra religiosa. Botou na cabeça que deve ser presidente da República – custe o que custar.  Para isso, não há limites. Nas última semanas, esse personagem levou nosso país até muito perto do precipício, fomentando ódio e intolerância – que já se sente nas ruas.

 Também nos quadrinhos, Tullius Detritus é um personagem sombrio e perigoso. Mas, ao fim, Asterix e seus amigos conseguem derrotá-lo.

No Brasil, cabe ao eleitor dar a resposta. Não é preciso usar poção mágica. Basta o voto.

sábado, 2 de outubro de 2010

Em quem você vai votar?



Declaração de Voto
Voto na Bahia portanto o meu voto é o seguinte:

Presidente - Dilma Rousseff - PT - 13
Governador - Jaques Wagner - PT - 13
Senador 1 - Walter Pinheiro - PT - 130
Senador 2 - Lídice da Mata - PSB - 400
Deputado Federal - Emiliano José - PT - 1331
Deputada Estadual - Neuza Cadore - PT - 13690

Logo para mim a melhor opção para o Brasil no momento é uma ex-guerrilheira nerd.

Então deixo 13 Razões para votar em Dilma.

1. Eu tenho lado. Esta parte já expliquei em post anterior.

2. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a mãe de todas as razões. É um governo aprovado por mais de 80% dos brasileiros e, em todas áreas, tem uma coleção de números de fazer inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana.

Um bom governo, deve: (a) ser democrático, (b) Zelar pela estabilidade econômica, e (c) combater a pobreza e a desigualdade. Por esses critérios, o governo Lula foi indiscutivelmente bom. Vejamos:

A) O governo Lula, tanto quanto o governo FHC, foi um governo democrático. Quem lê jornal no Brasil não apenas percebe que é permitido falar mal do governo. Os partidos de oposição atuam com plena liberdade, os movimentos sociais, idem, e, aliás, eu também.

B) A economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição competente). Companheiros, deixemos de falar besteira: a política econômica foi um sucesso. Mantivemos o bom sistema de metas de inflação implantado por Armínio Fraga no segundo governo FHC, e acrescentamos a isso: uma preocupação por acumular reservas internacionais, a excelente ideia de comprar de volta nossa dívida em dólar, e medidas de incentivo fiscal quando foi necessário. A dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair já agora.

Por essas e outras, fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair da maior crise econômica desde 1929. Os tucanos se consideravam uma espécie de Keynes coletivo por terem sobrevivido à crise do México. Com muito menos custo, sobrevivemos à crise dos EUA. E isso se deu porque a economia durante a Era Lula foi muito mais bem administrada do que durante o primeiro governo FHC. No segundo governo FHC, aí sim, a economia foi melhor gerida, e Lula fez muito bem em utilizar alguns dos seus métodos de gestão.

C) E, na área social, o Lula realmente se destaca na história brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além de parabéns por ter copiado o Bolsa-Escola do governo petista do Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais; mas, uma vez estabelecido  o programa foi implementado com imenso sucesso, e, associado à política de recuperação do salário mínimo, e à boa gestão da economia, geraram resultados que não estavam nas projeções do mais otimista dos petistas em 2002. Para ser honesto, eu sempre votei no Lula, mas nunca achei que fosse dar tão certo.

A pobreza caiu algo como 43%. Vou dizer com palavras, para não dizerem que sou cabeça-de-planilha: a pobreza no Brasil caiu quase pela metade. ACM Neto, escreva essa frase no quadro mil vezes. Mais de 30 milhões de pessoas (meia França, não muito menos que uma Argentina inteira) subiram às classes ABC. Cortamos a pobreza extrema pela metade (mas ainda é, claro, vergonhoso que tenhamos pobreza extrema). A desigualdade de renda caiu consideravelmente: a renda dos 10% mais ricos cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas.

Dilma Rousseff foi parte deste governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.

3. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Esta é a razão principal porque o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz. É a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público de forma atabalhoada. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. No governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento. 

4. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família. Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução da desigualdade.

5. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo. A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita estritamente controlada pelos EUA, à condição de país internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder incontestável da América Latina. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias multilaterais e pela autodeterminação dos povos que é a tradição do Itamaraty.

6. Dilma provou ser uma verdadeira democrata. Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado; grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Ou seja é falsa a alegação de que se eleita seria um risco a liberdade de imprensa.

7. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia. Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda das fontes limpas e renováveis de energia.

8. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil. Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo, alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula, 16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora tem um plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola, basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não terá dúvidas sobre em quem votar.

9. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser

10. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado. Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático, admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus vizinhos do Cone Sul. É Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem transigir na aplicação da lei.

11. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Infelizmente ela tem tudo o que conhecemos de algumas candidaturas  problemáticas do passado: a “solidão”, a “sinceridade”, a “boa vontade”. Perguntada sobre como governaria, é franca: com os “bons” dos dois lados. Ou seja, está sozinha. E existe um detalhezinho chamado política. Só se explica esta opção pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade.

Só um romantismo quase pueril acreditaria que é possível governar assim. Mas é tão arraigada a fantasia a respeito das “pessoas de bem que mudam o mundo da política” que muita gente, especialmente na classe média metropolitana, se seduz por ela.

No entanto um político governa com a equipe política que conseguir montar, e é a equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os seus problemas, e são muitos, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil.

12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida. Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado. Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir, por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era possível. Muitos petistas adotaram, especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o trabalhismo, incapazes que foram de ver qualquer característica positiva no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o lulismo e tradição trabalhista que ele transforma.

13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista. A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, quem sabe milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente, de crianças e adolescentes do sexo feminino.

Declaração de Conflito de Interesse - Tenho duas filhinhas que serão adolescentes ou pré-adolescentes ao final de um possível governo de dois mandatos da Dilma.

É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...