sábado, 2 de outubro de 2010

Em quem você vai votar?



Declaração de Voto
Voto na Bahia portanto o meu voto é o seguinte:

Presidente - Dilma Rousseff - PT - 13
Governador - Jaques Wagner - PT - 13
Senador 1 - Walter Pinheiro - PT - 130
Senador 2 - Lídice da Mata - PSB - 400
Deputado Federal - Emiliano José - PT - 1331
Deputada Estadual - Neuza Cadore - PT - 13690

Logo para mim a melhor opção para o Brasil no momento é uma ex-guerrilheira nerd.

Então deixo 13 Razões para votar em Dilma.

1. Eu tenho lado. Esta parte já expliquei em post anterior.

2. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a mãe de todas as razões. É um governo aprovado por mais de 80% dos brasileiros e, em todas áreas, tem uma coleção de números de fazer inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana.

Um bom governo, deve: (a) ser democrático, (b) Zelar pela estabilidade econômica, e (c) combater a pobreza e a desigualdade. Por esses critérios, o governo Lula foi indiscutivelmente bom. Vejamos:

A) O governo Lula, tanto quanto o governo FHC, foi um governo democrático. Quem lê jornal no Brasil não apenas percebe que é permitido falar mal do governo. Os partidos de oposição atuam com plena liberdade, os movimentos sociais, idem, e, aliás, eu também.

B) A economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição competente). Companheiros, deixemos de falar besteira: a política econômica foi um sucesso. Mantivemos o bom sistema de metas de inflação implantado por Armínio Fraga no segundo governo FHC, e acrescentamos a isso: uma preocupação por acumular reservas internacionais, a excelente ideia de comprar de volta nossa dívida em dólar, e medidas de incentivo fiscal quando foi necessário. A dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair já agora.

Por essas e outras, fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair da maior crise econômica desde 1929. Os tucanos se consideravam uma espécie de Keynes coletivo por terem sobrevivido à crise do México. Com muito menos custo, sobrevivemos à crise dos EUA. E isso se deu porque a economia durante a Era Lula foi muito mais bem administrada do que durante o primeiro governo FHC. No segundo governo FHC, aí sim, a economia foi melhor gerida, e Lula fez muito bem em utilizar alguns dos seus métodos de gestão.

C) E, na área social, o Lula realmente se destaca na história brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além de parabéns por ter copiado o Bolsa-Escola do governo petista do Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais; mas, uma vez estabelecido  o programa foi implementado com imenso sucesso, e, associado à política de recuperação do salário mínimo, e à boa gestão da economia, geraram resultados que não estavam nas projeções do mais otimista dos petistas em 2002. Para ser honesto, eu sempre votei no Lula, mas nunca achei que fosse dar tão certo.

A pobreza caiu algo como 43%. Vou dizer com palavras, para não dizerem que sou cabeça-de-planilha: a pobreza no Brasil caiu quase pela metade. ACM Neto, escreva essa frase no quadro mil vezes. Mais de 30 milhões de pessoas (meia França, não muito menos que uma Argentina inteira) subiram às classes ABC. Cortamos a pobreza extrema pela metade (mas ainda é, claro, vergonhoso que tenhamos pobreza extrema). A desigualdade de renda caiu consideravelmente: a renda dos 10% mais ricos cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas.

Dilma Rousseff foi parte deste governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.

3. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público. Esta é a razão principal porque o PSDB foge da figura de Fernando Henrique Cardoso como o diabo foge da cruz. É a categórica opção, feita pela esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a desregulamentação e a venda do patrimônio público de forma atabalhoada. Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. No governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem representa a continuação desse fortalecimento. 

4. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família. Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução da desigualdade.

5. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo. A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita estritamente controlada pelos EUA, à condição de país internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder incontestável da América Latina. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias multilaterais e pela autodeterminação dos povos que é a tradição do Itamaraty.

6. Dilma provou ser uma verdadeira democrata. Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado; grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Ou seja é falsa a alegação de que se eleita seria um risco a liberdade de imprensa.

7. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia. Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda das fontes limpas e renováveis de energia.

8. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil. Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo, alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula, 16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora tem um plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola, basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não terá dúvidas sobre em quem votar.

9. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo. Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Sem misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de respeito e diálogo. É assim que deve ser

10. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado. Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático, admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus vizinhos do Cone Sul. É Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem transigir na aplicação da lei.

11. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Infelizmente ela tem tudo o que conhecemos de algumas candidaturas  problemáticas do passado: a “solidão”, a “sinceridade”, a “boa vontade”. Perguntada sobre como governaria, é franca: com os “bons” dos dois lados. Ou seja, está sozinha. E existe um detalhezinho chamado política. Só se explica esta opção pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade.

Só um romantismo quase pueril acreditaria que é possível governar assim. Mas é tão arraigada a fantasia a respeito das “pessoas de bem que mudam o mundo da política” que muita gente, especialmente na classe média metropolitana, se seduz por ela.

No entanto um político governa com a equipe política que conseguir montar, e é a equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os seus problemas, e são muitos, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil.

12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida. Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado. Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir, por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era possível. Muitos petistas adotaram, especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o trabalhismo, incapazes que foram de ver qualquer característica positiva no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o lulismo e tradição trabalhista que ele transforma.

13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista. A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, quem sabe milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente, de crianças e adolescentes do sexo feminino.

Declaração de Conflito de Interesse - Tenho duas filhinhas que serão adolescentes ou pré-adolescentes ao final de um possível governo de dois mandatos da Dilma.

É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.

Um comentário:

  1. Concordo nos quisitos que se referem a avanços na era Lula e as condições que Dilma tem como herdeira disto tudo. Só tenho que me pronunciar quando me incluo nos ditos ingênuos por apoiarem Marina Silva - o romantismo pueril realmente me move, porém sei que esse voto é a possibilidade de fortalecer a figura da citada candidata e lhe dar algum poder de barganha (portanto não é uma atitude ingênua, nem jogar voto fora, afinal ter 10% da população ao seu lado há de significar alguma coisa). Mesmo na solidão, é na sinceridade e na boa vontade que quero por minha crença.

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