Imprensa séria deve ser desta forma, deve ter opinião não escondê-la o problema não é apoiar e sim fingir que é isenta, e não ser!
Porque Apoiamos Dilma?
Porque Apoiamos Dilma?
Por: Mino Carta, Carta Capital
02/07/2010
Resposta simples: porque escolhemos a
candidatura melhor
Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff.
Negativamente, está claro. A verdade factual é outra, talvez a jovem
Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A
questão também é outra: CartaCapital respeita, louva e admira quem se
opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a
censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à
paisana, até a tortura e a morte.
O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da
candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância
da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem
na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou
apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.
De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de
Dilma Rousseff que Carta Capital declara aqui e agora apoio à sua
candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do
presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José
Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e
Energia o substituiu.
E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a
competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela
que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais
evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se
expandem.
E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff
enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo
vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com
largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva
identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube
valerse das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a
retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor
sempre que as circunstâncias o permitissem.
Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos
vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso,
quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista,
Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento
quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria.
Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio
internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento
de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o
plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.
Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao
propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José
Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar
uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão
os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a
inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista
partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e
como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da
imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre
formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a
cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como
insiste em
afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com
Aécio…
Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e
entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto
se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da
praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião
certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos,
dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na
política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre
outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política
social, que poderia ter sido bem mais ousada.
E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do
ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao
exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado
apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta
altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se
arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o
beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que
desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça
Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do
Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair
internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje
apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que
o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao
governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos
por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.
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