Declaração de Voto
Voto na Bahia portanto o meu voto é o seguinte:
Presidente - Dilma Rousseff - PT - 13
Governador - Jaques Wagner - PT - 13
Senador 1 - Walter Pinheiro - PT - 130
Senador 2 - Lídice da Mata - PSB - 400
Deputado Federal - Emiliano José - PT - 1331
Deputada Estadual - Neuza Cadore - PT - 13690
Logo para mim a melhor opção para o Brasil no momento é uma ex-guerrilheira nerd.
Então deixo 13 Razões para votar em Dilma.
1.
Eu tenho lado. Esta parte já expliquei em
post anterior.
2. Dilma é a continuação do governo Lula. Esta é a
mãe de todas as razões. É um governo aprovado por mais de 80% dos
brasileiros e, em todas áreas, tem uma coleção de números de fazer
inveja a qualquer outro governo da nossa história republicana.
Um bom governo, deve: (a) ser democrático, (b) Zelar pela estabilidade econômica, e (c) combater a pobreza e a
desigualdade. Por esses critérios, o governo Lula foi indiscutivelmente
bom. Vejamos:
A) O governo Lula, tanto quanto o governo FHC, foi um governo
democrático. Quem lê jornal no Brasil não apenas percebe que é permitido
falar mal do governo. Os partidos de oposição
atuam com plena liberdade, os movimentos sociais, idem, e, aliás, eu
também.
B) A economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que
falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição
competente). Companheiros, deixemos de falar besteira: a política
econômica foi um sucesso. Mantivemos o bom sistema de metas de inflação
implantado por Armínio Fraga no segundo governo FHC, e
acrescentamos a isso: uma preocupação por acumular
reservas internacionais, a excelente ideia de comprar de volta nossa
dívida em dólar, e medidas de incentivo fiscal quando foi necessário. A
dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir
quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair já
agora.
Por essas e outras, fomos os últimos a entrar e os primeiros a sair
da maior crise econômica desde 1929. Os tucanos se consideravam uma
espécie de Keynes coletivo por terem sobrevivido à crise do México. Com
muito menos custo, sobrevivemos à crise dos EUA. E isso se deu porque a
economia durante a Era Lula foi muito mais bem administrada do que
durante o primeiro governo FHC. No segundo governo FHC, aí sim, a
economia foi melhor gerida, e Lula fez muito bem em utilizar alguns dos seus métodos de
gestão.
C) E, na área social, o Lula realmente se destaca na história
brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além
de parabéns por ter copiado o Bolsa-Escola do governo petista do
Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na
década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção
insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais; mas, uma vez estabelecido o programa foi implementado com imenso
sucesso, e, associado à política de recuperação do salário mínimo, e à
boa gestão da economia, geraram resultados que não estavam nas projeções
do mais otimista dos petistas em 2002. Para ser honesto, eu sempre
votei no Lula, mas nunca achei que fosse dar tão certo.
A pobreza caiu algo como 43%. Vou dizer com palavras, para não
dizerem que sou cabeça-de-planilha: a pobreza no Brasil caiu quase pela
metade. ACM Neto, escreva essa frase no quadro mil vezes. Mais de 30
milhões de pessoas (meia França, não muito menos que uma Argentina
inteira) subiram às classes ABC. Cortamos a pobreza extrema pela metade
(mas ainda é, claro, vergonhoso que tenhamos pobreza extrema). A
desigualdade de renda caiu consideravelmente: a renda dos 10% mais ricos
cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais
pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas.
Dilma Rousseff foi parte deste
governo desde o primeiro minuto e é a legítima herdeira desse legado.
3. Dilma continua a política de fortalecimento do patrimônio público.
Esta é a razão principal porque o PSDB foge da figura de Fernando Henrique
Cardoso como o diabo foge da cruz. É a categórica opção, feita pela
esmagadora maioria da sociedade brasileira, contra o privatismo, a
desregulamentação e a venda do patrimônio público de forma atabalhoada.
Somos um país de centro-esquerda, neste sentido. No
governo Lula e empresas como a Petrobras deram um salto gigantesco, de
combalida candidata a ser “desmontada osso por osso” à condição de
quarta maior empresa do mundo, responsável pela maior capitalização da
história da humanidade. É Dilma, não nenhum outro candidato, quem
representa a continuação desse fortalecimento.
4. Com Dilma sabemos que nossos irmãos mais pobres continuarão a ter acesso ao Bolsa-Família.
Mais de 12,6 milhões de famílias foram beneficiadas pelo maior programa
de transferência de renda do mundo. Não somente nós, de esquerda e
centro-esquerda, mas também economistas liberais e instituições como o
Banco Mundial concordam que o Bolsa-Família é parte essencial da redução
da desigualdade.
5. Dilma representa uma política externa altiva, soberana e baseada no diálogo.
A política externa é um dos grandes êxitos do governo Lula. Passamos de
uma situação subordinada, em que discutíamos a entrada numa órbita
estritamente controlada pelos EUA, à condição de país
internacionalmente respeitado, ouvido nos fóruns mundiais e líder
incontestável da América Latina. A opção pelo diálogo, pelo respeito às instâncias
multilaterais e pela autodeterminação dos povos que é a tradição do Itamaraty.
6. Dilma provou ser uma verdadeira democrata.
Nenhuma candidata à Presidência no período pós-ditatorial—nem mesmo
Lula—sofreu bombardeio midiático comparável ao que foi lançado sobre
Dilma Rousseff nesta campanha. Acusações falsas sobre seu passado;
grosseiras infâmias sexistas; falsas notícias; manipulação de
declarações suas; mentiras sobre suas contas; fichas policiais
adulteradas: tudo foi lançado contra ela. Em nenhum momento Dilma moveu
um dedo para calar ou censurar qualquer jornalista. Ou seja é falsa a alegação de que se eleita seria um risco a liberdade de imprensa.
7. Dilma dá show de conhecimento numa das áreas mais importantes da atualidade, a energia.
Em 2003, quando Dilma assumiu o Ministério das Minas e Energia, o
Brasil vivia uma situação periclitante. Acabávamos de viver um
vergonhoso racionamento. Dilma arrumou a casa, garantiu a segurança no
abastecimento e a estabilidade tarifária. Participou diretamente da
implantação do Luz para Todos, cuja meta original era 2 milhões de
ligações, mas que em abril de 2010 já havia realizado 2,34 milhões de
ligações, beneficiando 11,5 milhões de pessoas. Nossa produção de
petróleo passou a 2 milhões de barris por dia. O pré-sal, descoberta
possibilitada pelo trabalho de Dilma, dobrou nossas reservas de
petróleo. Além de tudo isso, Dilma já provou ser conhecedora profunda
das fontes limpas e renováveis de energia.
8. Dilma é a mais equipada para expandir e melhorar a educação no Brasil.
Neste quesito, a comparação entre o histórico petista e o histórico
tucano é uma surra de proporções inomináveis. Enquanto em São Paulo,
alunos e professores sofrem com a falta de investimento e, acima de
tudo, com a falta de respeito, emblematizada nas frequentes pancadarias
policiais a que são submetidos, o Brasil criou, durante o governo Lula,
16 novas universidades, mais de 100 novos campi, mais de 200 novas
escolas técnicas, mais de 700.000 novas vagas para pobres, a maioria
negros e mulatos, através do ProUni. Os professores da rede federal
saíram da situação de arrocho salarial em que viviam e agora tem um
plano de carreira digno (que ainda pode e deve melhorar, sem dúvida, mas
que representou um salto gigantesco em relação ao governo FHC). Se você
é aluno, professor ou funcionário do ensino, ou tem filhos na escola,
basta olhar para o histórico dos dois principais candidatos e você não
terá dúvidas sobre em quem votar.
9. Dilma não criminalizará os movimentos sociais. O
histórico tucano na relação com os movimentos sociais é péssimo.
Professores espancados no Rio Grande do Sul e em São Paulo; o Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra tratados como criminosos durante o governo
de Fernando Henrique Cardoso. Sem
misturar movimento social com governo, sem transigir na aplicação da
lei, quando de aplicar a lei se tratava, Lula e Dilma estabeleceram com
as manifestações políticas da sociedade brasileira uma relação de
respeito e diálogo. É assim que deve ser
10. Dilma representa um novo reencontro do Brasil com seu passado.
Notável na sua capacidade de falar sobre um passado traumático,
admirável na tranquilidade com que se refere às torturas a que foi
submetida, Dilma teve o dom de não transformar o rancor e o
ressentimento em arma política. O Brasil está anos-luz atrás dos seus
vizinhos do Cone Sul. É
Dilma quem nos pode guiar na revisão desse pretérito ainda tão recente e
tão pouco saldado. Sem rancor, sem revanche, sem ódio, mas sem
transigir na aplicação da lei.
11. Dilma tem com quem governar, tem equipe. Este
blog respeita o voto verde e respeita Marina Silva. Infelizmente ela tem tudo o que conhecemos de algumas candidaturas problemáticas do passado: a “solidão”, a “sinceridade”, a “boa vontade”. Perguntada sobre como governaria, é franca: com os “bons” dos dois lados. Ou seja, está sozinha. E existe um detalhezinho chamado política. Só se explica esta opção pela ingenuidade ou pela manipulação da ingenuidade.
Só um romantismo quase pueril acreditaria que é possível governar assim. Mas é
tão arraigada a fantasia a respeito das “pessoas de bem que mudam o
mundo da política” que muita gente, especialmente na classe média
metropolitana, se seduz por ela.
No entanto um político governa com a equipe política que conseguir montar, e é a
equipe de Dilma quem botou Brasília para funcionar de acordo com os
interesses dos mais pobres durante os últimos oito anos. Com todos os
seus problemas, e são muitos, é o PT, não o PV, quem tem quadros experimentados o
suficiente para a gestão de um país complexo como o Brasil.
12. Dilma tem uma bela, impecável história de vida.
Representante da geração que correu risco de morte para lutar contra a
ditadura com os recursos que tinha, Dilma jamais renegou seu passado.
Com serenidade, ela sempre explica que o contexto mudou, que o mundo é
outro, e que agora ela luta com outros instrumentos, dentro da
normalidade democrática. Mas ela nunca fez as penitências meio
patéticas, as autocríticas confortáveis a que nos acostumamos ao ouvir,
por exemplo, Fernando Gabeira. Representante também da geração que
acompanhou Leonel Brizola na recomposição do legado varguista na
pós-ditadura, ela jamais renegou a herança do trabalhismo. Dilma
Rousseff é a ponte entre o que de libertário e popular havia no
trabalhismo brasileiro e o que de novo e transformador trouxe o Partido
dos Trabalhadores. Sua presença já na administração Olívio Dutra em
Porto Alegre mostrou que ela estava consciente de que essa ponte era
possível. Muitos petistas adotaram,
especialmente nos anos 80, posturas sectárias e intolerantes ante o
trabalhismo, incapazes que foram de ver qualquer característica positiva
no movimento que conferiu cidadania à classe trabalhadora pela primeira
vez. Dilma é a possibilidade de aprofundamento desse diálogo entre o
lulismo e tradição trabalhista que ele transforma.
13. Dilma representará uma vitória inesquecível para as mulheres brasileiras. Ainda somos um país muito machista.
A violência doméstica é uma realidade cotidiana para milhares, quem sabe
milhões de mulheres, especiamente as mais pobres. As mulheres ainda
recebem bem menos que os homens pelo mesmo trabalho. A maioria da
população feminina ainda acumula uma dupla jornada de trabalho. Não só
por ser mulher, mas também por pertencer a um projeto político que já
demonstrou ser aliado das mulheres na luta, Dilma pode contribuir a
mitigar essa situação e nos fazer avançar nessa área tão urgente. Não é
desimportante, claro, o fato de que ela é mulher: da mesma forma como a
vitória de Lula, por si só, representou imenso ganho para a autoestima
dos trabalhadores, que agora sabiam que podiam chegar lá, da mesma forma
como a vitória de Obama trouxe enorme esperança para muitos negros
jovens, que agora tinham a prova de que alcançar o topo era possível, a
vitória de Dilma representará um enorme salto para a autoestima, as
possibilidades, as aspirações de milhões de mulheres e, especialmente,
de crianças e adolescentes do sexo feminino.
Declaração de Conflito de Interesse - Tenho duas filhinhas que serão adolescentes ou pré-adolescentes ao final de um possível governo de dois mandatos da Dilma.
É por tudo isso, e muito mais, que eu voto Dilma Rousseff.