sexta-feira, 15 de abril de 2016

Aguardando o Brasil se resolver!



Não costumo ir com a manada. Como disse Guy Fawkes, “situações extraordinárias exigem ações extraordinárias”. Portanto, acompanhar a maioria não exige nenhuma fundamentação; ir contra a maioria, exige todas as fundamentações.

É extremamente difícil combater o fenômeno da perseverança da crença, quando as ideias são tratadas como propriedades pessoais, da qual não queremos nos desfazer. E a ciência relata ainda que o nosso cérebro pode sim criar memórias falsas para nós, e infelizmente as pessoas são incapazes de encontrar o ceticismo e violam, portanto, a hipótese nula (onde devemos considerar a ausência do fenômeno e que a verdade só existe após ao devido processo do pensamento científico), passando a realizar o que quer ou o que quer crer. Nossa memória é infelizmente confusa.

Portanto eu acuso a todos aqueles que se abstém do pensamento. Da tentativa de não tentar entender fatos políticos complexos sem que tenhamos deles uma visão abrangente e dialética. A política, numa democracia, é, antes de tudo, uma luta intelectual que deve ser travada pela persuasão. Afinal de contas a dialética pressupõe que uma coisa seja ou não seja ao mesmo tempo. E a maioria das pessoas não distinguem bem a diferença entre uma opinião, uma conjectura e um fato, como também as circunstâncias onde os fatos ocorreram.

De toda forma estamos vivendo hoje em um turbilhão político que não sei como vai parar. Quando quem pretende vencer sem convencer, deve considerar que a vitória é só parcial!

 Portanto, o que ocorrer em caso de o impeachment ser bem-sucedido, não pode esperar que as pessoas concordem com o que está posto. Mas na verdade não sei se esta gente sabe distinguir afinal entre fato e ficção. E a classe média do Brasil também não percebeu que está vivendo em uma balança de um prato só, perdendo todos os detalhes da conjuntura maior de país, de suas necessidades e das reais soluções, está completamente vendida por uma mídia oligárquica que as trata como se a corrupção fosse o maior problema da nação.

Caso o impeachment não prevaleça, é importante que o governo que é legítimo devido aos seus cinquenta e quatro milhões de votos e tenha eventualmente tido a sua luta implacável no seu combate ao golpe de estado, seja depois generoso em sua vitória. Não existe dúvida que teremos confrontos, visto que existem sim diferenças. Afinal de conta precisam sim sair da sua área de conforto, o governo precisa transgredir de alguns paradigmas utilizando bem o enfrentamento político para superar o quadro atual.

O Brasil afinal não pode viver sobre o princípio da complacência, vivendo, portanto, de evidências indiretas. O país não pode viver em um complexo de Deus, uma enfermidade psicológica que é de alta prevalência, caracterizada pela presunção de que podemos inventar condutas baseadas em lógica, e considera-las benéficas, contudo sem testá-las devidamente. O complexo ocorre dos seguintes fatores: a incerteza do pensamento lógico e a existência de fenômenos e informações ilusórias. Infelizmente o complexo de Deus torna o homem dogmático, ele acredita por que quer acreditar ou por conflitos de interesse.

Este não é o Brasil bom para o Brasil.

O Brasil precisa enfim entender que o voto é muito mais forte do que a bala. Infelizmente o país vive hoje em uma heurística de julgamento, onde os processos são feitos de previsões parciais e em similaridades e enquadramento, sem muitas vezes se dar conta disto. E a heurística não assegura infelizmente as melhores soluções.

Tenho certeza que o país iria melhor se estivéssemos por fim com disposição para ouvir o que os outros tem a falar. Só que temos que ter cuidado com o que dizemos e devemos nos mover pelas verdades em que acreditamos, já que com palavras falsas podemos sem dúvida infectar o país com o mal.

Temos que encontrar afinal as soluções pelo argumento e não simplesmente pela autoridade porque uma vitória pela autoridade é irreal e ilusória. A nossa população precisa na verdade compreender que um desacordo inteligente é melhor do que uma concordância passiva, pois se valorássemos a inteligência como deveríamos um bom acordo será mais profundo do que a segunda.

Ao mais sigamos em frente e viva o Brasil.

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